ARTIGO

Vitamina D: a luz silenciosa que pode retardar o envelhecimento

Por Rogério Cardoso |
| Tempo de leitura: 3 min

O tempo não se revela apenas nas rugas que nos visitam com suavidade ou nos fios de cabelo que se tornam prata sob o sol. A cada dia, me parece aumentar esses fios prateados. Mas ele se desenha também no interior silencioso das nossas células, nas extremidades frágeis e protetoras dos cromossomos que chamamos de telômero que são pequenos sentinelas biológicos do envelhecimento.

Desde a Covid até os dias de hoje, muito se ouviu falar sobre a vitamina D. E, agora, em meio às pesquisas que unem o olhar sensível da ciência ao desejo profundo de prolongar a vitalidade, surge um fio de esperança iluminado por essa luz discreta no processo de longevidade.

Em um recente estudo intitulado Vitamin D3 and marine ω-3 fatty acids supplementation and leukocyte telomere length: 4-year findings from the VITamin D and OmegA-3 TriaL (VITAL), publicado no periódico The American Journal of Clinical Nutrition, um dado tocante se revelou: a vitamina D pode, sim, retardar o encurtamento dos telômeros. Esse trabalho é o primeiro, em larga escala e com acompanhamento de longo prazo, a demonstrar que a suplementação diária de 2.000 UI de vitamina D3 oferece proteção real contra a perda dessas estruturas fundamentais.

E não estamos falando apenas de números ou estatísticas. Estamos falando de preservar, em nível celular, uma parte essencial daquilo que nos mantém vivos, íntegros, longevos.

Ao longo de quatro anos, 1.054 participantes entre mulheres a partir dos 55 anos e homens com 50 anos ou mais, foram acompanhados com cuidado e método. E os que receberam vitamina D viram seus telômeros se desgastarem menos do que aqueles que tomaram placebo. Na prática, isso representa quase três anos de envelhecimento que deixaram de acontecer. Três anos de história celular poupada, três anos de juventude microscópica preservada.

A beleza desse achado não está apenas nos dados, mas no que eles podem inspirar. Porque preservar telômeros não é um gesto de vaidade ou de estética. É um ato de cuidado profundo com a saúde. O encurtamento dessas estruturas está relacionado ao surgimento de doenças como cânceres avançados, enfermidades autoimunes e outras condições que acompanham o envelhecer. E se um simples suplemento diário pode atenuar esse processo, estamos talvez diante de uma chave sutil, porém poderosa, na busca por uma longevidade mais saudável.

Ainda assim, a ciência segue com cautela. Os pesquisadores lembram que mais estudos são necessários. É assim que ela caminha: o a o, com o cuidado de quem toca o futuro com as mãos de hoje. Sem fórmulas milagrosas da juventude, mas com um olhar atento ao que já podemos cultivar.

Enquanto isso, o sol continua a nascer. E talvez, ao recebê-lo na pele ou ao optar pela suplementação consciente, estejamos, de algum modo, cuidando dos pequenos fios invisíveis que sustentam o nosso tempo por dentro. Porque envelhecer é inevitável,  mas a forma como atravessamos esse percurso pode ser suavizada quando a luz certa encontra o lugar certo.

E talvez, só talvez, a vitamina D seja uma dessas luzes, dentre tantas outras que ainda temos que descobrir  e outras que já conhecemos, como o exercício. Não é mesmo?

Até a próxima.

Rogério Cardoso é personal trainer e preparador físico, membro da Sociedade Brasileira de Personal Trainer SBPT e da World Top Trainers WTTC;

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