
Querido leitor, imagine seu corpo como uma sinfonia, onde cada célula toca um instrumento para manter a harmonia da sua saúde. Agora, pense no excesso de peso como uma nota dissonante, que aos poucos desafina essa orquestra, especialmente o sistema imunológico. Esse descomo tem um nome: imunossenescência, o envelhecimento precoce das nossas defesas. Mas há esperança, e ela vem na forma de movimento. Eu não posso falar outra coisa não é mesmo para quem me acompanha aqui no Jornal?
A imunossenescência é um processo traiçoeiro. O tecido adiposo, quando em excesso, não é apenas um reservatório de gordura, mas um gatilho para inflamações crônicas. Ele libera substâncias inflamatórias que aceleram o envelhecimento das células de defesa. Isso faz com que as células de defesa envelheçam mais rápido, levando a uma diminuição na resposta imune que faz com que a pessoa fique mais suscetível a doenças infecciosas e enfermidades crônicas, como diabetes, AVC, infarto, alguns tipos de câncer e males degenerativos, como o Alzheimer. Em outras palavras, o excesso de peso não apenas pesa no corpo, mas também no tempo que suas defesas conseguem lutar. E precisamos criar um exercito para combater isso!
A boa notícia? Um estudo recente publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism intitulado Moderate-intensity Combined Training Induces Lipidomic Changes in Individuals With Obesity and Type 2 Diabetes, revela que a atividade física moderada pode ser a chave para reverter esse quadro. Os pesquisadores reuniram 167 homens e mulheres, entre 40 e 60 anos, divididos em três grupos: pessoas com obesidade, pessoas com obesidade e diabetes tipo 2, e um grupo controle com peso adequado. Durante 16 semanas, os participantes seguiram um programa de exercícios físicos de intensidade moderada, e os resultados foram surpreendentes.
Após o período, análises mostraram uma redução significativa na expressão de genes associados à inflamação e à imunossenescência. Mais impressionante ainda, os marcadores inflamatórios nos participantes com obesidade se aproximaram dos níveis observados no grupo com peso adequado. Isso significa que o exercício não apenas desacelera o envelhecimento imunológico, mas pode, em parte, restaurar a vitalidade do sistema de defesa, como se estivesse rejuvenescendo o corpo por dentro.
Além disso, o estudo destacou outro benefício crucial: a melhora nas alterações metabólicas causadas pela obesidade. O excesso de peso frequentemente desregula o metabolismo das gorduras, aumentando o risco de diabetes tipo 2 e outras doenças crônicas não transmissíveis. Após as 16 semanas de exercícios, os participantes apresentaram uma redução nessas disfunções, o que reforça o papel do movimento como um aliado poderoso na prevenção de condições graves.
Mas você talvez pergunte o que significa “exercício moderado”? Não estamos falando de maratonas ou treinos exaustivos. Caminhadas rápidas, natação, ciclismo ou mesmo dançar por 30 a 40 minutos, cinco vezes por semana, já podem fazer uma diferença notável. A chave é a consistência e o prazer no movimento, para que ele se torne parte da sua rotina, como uma conversa diária com seu corpo.
O exercício não é apenas sobre estética ou números na balança; é sobre devolver ao seu corpo a capacidade de se proteger e prosperar. Para quem vive com obesidade ou diabetes, esses achados são um convite à ação, uma promessa de que pequenas mudanças podem trazer grandes resultados. Sua sinfonia interna está esperando para ser afinada. Até a próxima!
Rogério Cardoso é personal trainer e preparador físico, membro da Sociedade Brasileira de Personal Trainer SBPT e da World Top Trainers WTTC.