
Jundiaí já tem plano de contingência diante do avanço acelerado de casos de síndromes gripais e respiratórias. Em entrevista ao podcast do Jornal de Jundiaí nesta terça-feira (03), a gestora da Unidade de Promoção da Saúde de Jundiaí, Márcia Facci, afirmou que a pasta promoveu reuniões com hospitais locais e istrações de cidades vizinhas para identificar a estrutura disponível e antecipar medidas que possam ser necessárias diante da crescente demanda por atendimentos. “Nos reunimos para mapear os leitos disponíveis, caso a situação se agrave”.
A UTI Pediátrica do Hospital Universitário (HU) opera, nesta terça-feira, com 233% de ocupação. Todos os leitos estão tomados por crianças com doenças respiratórias, grande parte delas em uso de respiradores. Já o Hospital São Vicente soma 313 pessoas internadas, refletindo o cenário de superlotação também nos prontos-atendimentos.
Para tentar aliviar o sistema, a Prefeitura implantou duas Unidades Sentinelas para atendimento exclusivo de casos leves, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na UBS Morada das Vinhas (rua Uva Niágara, s/nº) e na Clínica da Família Almerinda Chaves (rua José Ribeiro Barbosa, 20). A medida busca reduzir a pressão nos hospitais, que seguem o Protocolo de Manchester para triagem por gravidade.
A pediatra e coordenadora do Pronto-Socorro Infantil do HU, Stela Tavolieri, fala sobre o aumento de internações de bebês com menos de três meses e critica a exposição desnecessária de recém-nascidos em ambientes fechados “O HU está superlotado. Muitos bebês se contaminam em locais como shoppings e igrejas. É preciso proteger os recém-nascidos”, afirma a médica
As principais doenças atendidas no HU são influenza, bronquiolite, pneumonia e Covid-19. A enfermaria pediátrica atingiu 92% de ocupação. Segundo a médica, o agravante deste ano é que muitos pacientes são bebês sem sistema imunológico maduro, o que prolonga a internação e eleva a ocupação.
O hospital adquiriu novos respiradores e reorganizou espaços com base no plano de contingência adotado durante o surto de 2024.
Vacinação ainda é baixa
Mesmo com a vacina contra a Influenza disponível para toda a população a partir dos seis meses, a cobertura vacinal em Jundiaí ainda é considerada baixa, com 39,47%. Até o momento, o município registra 115.713 pessoas vacinadas, num total de 79.038 doses aplicadas.
A gestora de Saúde, Márcia Facci, alerta sobre o avanço da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na cidade. Segundo ela, os vírus predominantes nos casos graves são o vírus sincicial respiratório, Influenza A e a Covid-19. “Esses três estão por trás da maioria dos quadros que evoluem para internação”, afirma. Ela ressalta que a baixa cobertura vacinal é a principal responsável pelo aumento dos casos, já que a vacina da gripe protege contra todos esses vírus e outros que circulam nesta época do ano.
A gestora também destaca que crianças pequenas e idosos são as principais vítimas neste momento. “Temos idosos indo a óbito e bebês com menos de quatro meses internados com doenças respiratórias”, alerta. Ela comparou a situação atual com os momentos críticos da pandemia de Covid-19: “É semelhante ao que vimos com o coronavírus. O quadro vai piorando até que, em alguns casos, há necessidade de intubação”.
Na região
Cabreúva
A Santa Casa está em superlotação há uma semana. São sete leitos de enfermaria clínica médica, três pediátricos, seis maternos e dois de emergência. A Prefeitura ampliou leitos, abriu uma nova UPA e reforçou o fornecimento de medicamentos. Cerca de 70% dos casos graves são respiratórios. A internação de crianças também aumentou.
Itupeva
O Hospital Municipal Nossa Senhora Aparecida está com 80% de ocupação dos seus 50 leitos, incluindo dois de semi-intensiva. A média diária de atendimentos saltou de 500 para 700 pacientes. A cidade aumentou a oferta de médicos e implantou um pronto atendimento adulto em uma UBS desde setembro de 2024.
Várzea Paulista
A UPA da cidade opera com 90% dos leitos ocupados, sendo metade por síndromes gripais. A Prefeitura já esperava a elevação da demanda por causa da estiagem e da frente fria, e tem reforçado a divulgação da vacinação contra a gripe.
Campo Limpo Paulista, Jarinu e Louveira
Até o fechamento desta edição, as prefeituras não haviam retornado aos pedidos de informação.