
Em depoimento à Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga supostos desvios de bens do Fundo Social da Prefeitura de Bauru, a ex-comissionada do governo municipal Damaris Nunes Pavan disse nesta segunda-feira (2) ter pedido votos para Lúcia Rosim a munícipes para quem havia doado cestas básicas durante a campanha de 2022, quando a mãe de Suéllen, atual secretária de Assistência Social, se candidatou a deputada estadual.
Procurado, o governo municipal afirmou que não comenta questões eleitorais. Em nota, o advogado Jeferson Machado, que defende a família Rosim, afirmou que "o depoimento da sra. Damaris, além de evidenciar as inverdades contadas à Polícia Civil, já desmentidas pelas testemunhas ouvidas naquele âmbito, trazem inúmeras novas contradições [leia mais abaixo]".
A Comissão é presidida pelo vereador Sandro Bussola (MDB) e tem André Maldonado (PP) como relator. Entre os membros estão Pastor Bira (Podemos), Dário Dudário (PSD) e Beto Móveis (Republicanos). Outros vereadores também acompanharam o depoimento.
As informações a respeito das doações e posteriores pedidos de voto surgiram a partir de questionamentos do vereador Borgo no momento em que a CEI abriu a reunião a perguntas de demais parlamentares. Damaris teria recebido R$ 3 mil para trabalhar na campanha, mas seu nome não aparece nas prestações de contas apresentadas pela candidatura de Lúcia.
Segundo Jeferson Machado, trata-se de uma "acusação vazia" e que "toda a contabilidade de campanha se deu de forma absolutamente regular, conforme inclusive já reconheceu o competente Tribunal Superior Eleitoral".
"Os comportamentos apresentados pela sra. Damaris denotam, cada vez mais, o completo desespero de alguém que, movida por maldade, ressentimento e intenção de vingança por ter sido exonerada, não encontra o mínimo amparo na realidade dos fatos para sustentar suas falsas narrativas", afirma nota do advogado.
Damaris chegou ao Legislativo acompanhada de um advogado, Olavo Pelegrina, e reiterou as informações que já havia denunciado durante coletiva de imprensa há cerca de três semanas e posteriormente à Polícia Civil, que também investiga o caso.
Até aqui, a denúncia abarca dois pontos principais. A primeira é que ela levou doações destinadas ao Fundo Social à antiga sede do Ministério Produzindo Esperança (MIP), igreja da família Rosim, a pedido de Lúcia Rosim, na época presidente da instituição.
A outra envolve a informação dita nesta segunda a respeito da campanha de 2022. Líder do governo na Câmara e presidente da CEI, o vereador Sandro Bussola (MDB) manifestou preocupação com o rumo da investigação - a CEI tem objeto determinado, afinal - e disse que o colegiado não pode estender o inquérito a fatos não delimitados ao início. "Senão ficaremos um ano aqui", mencionou.
Sandro relatou também que a Comissão de Fiscalização e Controle acompanhará todos os trabalhos da CEI e disse que parte dos documentos solicitados ao Poder Executivo após o primeiro encontro do colegiado, em 27 de maio, ainda não foi entregue. Apesar disso, uma nova leva de informações foi solicitada.