OPINIÃO

AME de Jundiaí, instituição irável


| Tempo de leitura: 2 min

Nesta semana marquei uma consulta médica no AME. Este Ambulatório Médico de Especialidades, que fica no antigo prédio do INSS, na Rua Rangel Pestana. Destinada essencialmente aos mais necessitados, aos despossuídos, os desprezados, aos mais pobres, a população mais carente e mais humilde, confesso, no entanto, que fiquei perplexo. Utilizei-me do meu cartão do SUS. Fiquei impressionado com o atendimento recebido. Sim, há de se entender neste País, que gente sofrida também é gente, tem de ter atendimento digno e que merece o melhor tratamento de saúde. Todos sabem quanto custa um plano de saúde e quanto custa! Todos nós sabemos do preço da saúde no Brasil. Da falta de leitos e da falta do dinheiro para a aquisição de remédios caríssimos.

Sei que os mais abastados procuram os renomados hospitais, dizem até que o melhor hospital é pegar a rodovia Bandeirantes para a Capital. Os trabalhadores, enquanto na ativa, têm a cobertura médico-hospitalar, paga pela iniciativa privada ou pelas instituições públicas. E quando chega o entardecer da vida? O único socorro são os hospitais públicos. E os necessitados, submissos, os relegados, que a vida não foi tão generosa, procuram a quem?

Fui ao AME por indicação de um amigo médico. Fiquei impressionado com o atendimento recebido. A diferença em relação às repartições públicas destinadas a fins semelhantes e de alguns hospitais particulares já é sentida na recepção. Funcionários dão informações e orientam os pacientes com competência e delicadeza, requisitos profissionais perdidos no ado do serviço público. Acomodações espaçosas, cadeiras estofadas, ar condicionado, tem até ascensorista a cuidar dos mais necessitados. Todos uniformizados. Limpeza dos banheiros impecável. Bebedouros em todos os locais.

Equipes médicas especializadas, equipamentos modernos, os exames são colhidos no local, enfermeiras atenciosas, a lidar com os humildes, com simpatia e senso de humor. Sim, não podemos fechar os olhos às já evidentes e temíveis ameaças de insegurança de um futuro por uma vida mais tranquila e digna, aspiração maior de qualquer ser humano. Sequer sermos ignorantes e esperar a morte como se fosse destino de Deus.

Tenho para comigo que o investimento público no setor de saúde é o mais importante e mais relevante para a população. E Jundiaí parte por um caminho seguro de ter decretado o direito à saúde indissociável do direito à vida. Afinal é difícil viver onde a maioria precisa de assistência médica digna! Há de se fazer a melhor justiça social num dos setores mais carentes da população, os pobres não podem viver como bichos. Que novas especialidades possam ser trazidas pela istração municipal com a disposição da gestora da Saúde. Quero agradecer o AME de Jundiaí, e dedicar a coluna de hoje a essa instituição irável que, em tempos sombrios de escândalos de fraudes no INSS, indica ao país um caminho a ser seguido na oferta de serviços ambulatoriais especializados de forma próxima e ível ao cidadão.   São nestes pequenas coisas que encontramos as razões para agradecer.

Guaraci Alvarenga é advogado ([email protected]

Comentários

Comentários