
Franca terá um representante especial na edição deste ano da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O publicitário e escritor francano Álvaro Mendonça, de 31 anos, foi o vencedor de um concurso literário promovido pela editora Articule, que selecionou contos de fantasia para compor uma antologia inédita. O evento, que acontece no próximo dia 17 de junho, marcará o lançamento oficial da coletânea O livro mágico das histórias fantásticas, com direito a sessão de autógrafos, premiação e visibilidade nacional para o autor.
Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2019, Álvaro atuou nos últimos quatro anos como redator de endomarketing no Bradesco, na área de Varejo. O encerramento da equipe no fim de 2023, quando cerca de 17 profissionais foram desligados, foi o ponto de virada que o levou a mergulhar de vez no universo da literatura.
“Eu sempre escrevi. Conto, crônica, poema, soneto... Mas nunca tinha levado isso como uma carreira possível. Quando fui demitido, vi uma oportunidade de me especializar”, conta. Desde então, ele se matriculou em uma pós-graduação em Escrita Criativa pela PUC-Campinas, que cursa à distância, direto de Franca.
A virada veio com um edital da pequena, mas promissora, editora Articule. A proposta era simples: enviar um conto de até uma página com temática fantástica. A seleção resultaria em uma coletânea com os melhores textos, além de premiar os três primeiros colocados. Álvaronão apenas teve seu conto escolhido como integrou a antologia, como também levou o primeiro lugar no concurso.
O conto vencedor traz uma proposta de “fantasia urbana”, que foge dos clichês de mundos mágicos e bruxas. Em vez disso, ele narra a história de um homem faminto que encontra uma cebola podre na rua e, ao tocá-la, descobre um universo inteiro pulsando dentro do vegetal – com galáxias, civilizações e vida. No fim, em vez de tentar entender aquele mistério, o personagem decide comer a cebola. “Quis trabalhar com um elemento cotidiano e gerar um estranhamento poético, simbólico”, explica o autor.
Do conto ao romance
Além do troféu e da participação no evento, a premiação também garantiu a Álvaro a publicação de um livro solo pela mesma editora. Ele terá três meses para concluir a obra, que seguirá a mesma linha estética de seu conto premiado: a fantasia urbana com raízes no cotidiano. “Vai ser um livro curto, de cerca de 100 páginas, o que já é um grande desafio para mim. É minha estreia em narrativas mais longas”, revela.
O enredo, ainda mantido em segredo, se a numa cidade interiorana onde ninguém tem nome – exceto o Coronel. A proposta é discutir temas como o coronelismo, o patriarcado e as estruturas de poder no Brasil profundo, tudo através de uma lente simbólica e fantástica. “Quero falar da realidade do interior, mas com uma abordagem literária que provoque e questione”, comenta.
Um o para a cena literária local
Empolgado com o reconhecimento, Álvaro espera que sua trajetória incentive outros autores da cidade. “Tenho certeza de que Franca já produziu muitos escritores, mas não os conheço. Quem sabe essa matéria não ajuda a gente a se encontrar e se unir?”, reflete.
Ele também está de olho em novos voos: com os exemplares do livro em mãos, pretende inscrevê-lo em prêmios literários nacionais, como o Prêmio Jabuti. “Se eu não esperava ganhar esse, por que não tentar outros? A gente tem que se jogar”, diz, com entusiasmo.
No dia 17, o francano estará no stand da Editora Articule na Bienal do Livro do Rio, assinando exemplares e dando entrevistas.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.