OPINIÃO

Economia brasileira desacelera

Por Reinaldo Cafeo | O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil
| Tempo de leitura: 2 min

Para quem observa somente o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre deste ano, cujo resultado foi um crescimento de 1,4% sobre o trimestre anterior, pode, precipitadamente, concluir que o país está no caminho certo e que a geração de riqueza neste ano será vigorosa. Muita calma nesta hora. Na análise dos setores da economia, o setor primário, a agropecuária, avançou 12,2% muito em função de excelente safra do período, o que é previsível para o período, mas não se repetirá nos demais trimestres do ano. Também vale destacar que isoladamente o setor primário não representa mais que 7% do PIB.

O setor secundário da economia, representado pela indústria, encolheu 0,1% no primeiro trimestre, e todos sanemos da capilaridade deste setor com os demais setores da economia. Se encolhe a indústria em algum momento afetará os demais setores.

Já o setor que representa quase 70% do PIB brasileiro, o terciário (comércio e serviços), avançou pouco, com alta de 0,3%. É certo que o nível de investimentos pode ser considerado bom no período, com avanço de 3,1%, mas parte deste bom desempenho veio da aquisição de uma plataforma de petróleo, o que também não se repetirá no curto prazo.

Os agentes econômicos estão atentos a divulgação dos indicadores de segundo trimestre, e considerando a elevada taxa de juros, o endividamento das famílias, e uma certa cautela dos investidores, é possível projetar que o segundo trimestre terá desempenho pior do que o trimestre anterior, podendo zerar no terceiro trimestre e até ser negativo no último trimestre do ano, resultado em um crescimento abaixo dos 2% neste ano.

O indicador da produção industrial de abril veio em 0,1%, aquém da projeção do mercado, já sinalizando que essas projeções podem sim se confirmar.

Considerando que a questão fiscal brasileira ainda um enorme desafio, que o governo precisa encontrar alternativas ao fiasco da majoração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e que os gastos públicos, no período que antecede as eleições presidenciais podem ser potencializados, a inflação dificilmente atingirá os limites da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional, o que exigirá por parte do Banco Central a manutenção do rigor na política monetária, ou seja, engessamento da economia.

Todos os sinais macroeconômicos apontam para desaceleração da economia, infelizmente.

Comentários

Comentários