BAURU

Crescimento de MEIs recua na região e sugere saturação ou mudança

Por Guilherme Matos | da Redação
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Divulgação
Aline Fogolin, ex-consultora do Sebrae e secretária de desenvolvimento de Lençóis Pta.
Aline Fogolin, ex-consultora do Sebrae e secretária de desenvolvimento de Lençóis Pta.

A região istrativa (RA) de Bauru registrou a criação de 8.545 novas Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e 16.496 Microempreendedores Individuais (MEIs) entre abril de 2024 e março de 2025. Os dados são da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Os dados das MEIs vêm apresentando tendência de queda no crescimento no longo prazo a partir de 2015, mesmo com novos CNPJs da modalidade sendo abertos anualmente. Na RA de Bauru, o estoque dessas empresas chegou a 101.102 mil em 2024. Em 2017, o número era de 23.611.

No caso das MPEs, o estoque vem diminuindo gradualmente, apesar dos novos registros. Em 2017, eram 95.921 empresas nesta modalidade. O número chegou 60.514 em 2024. 

O analista da Fundação Seade Renato Gazola explicou que a retração no crescimento das MEIs ainda não configura uma tendência clara. "É uma redução pequena. Precisamos acompanhar os próximos meses para identificar se se trata de uma mudança conjuntural ou apenas uma oscilação pontual", afirmou. Segundo ele, o comportamento de Bauru é coerente com o padrão estadual e não apresenta movimentos atípicos.

Gazola ressaltou que o setor de serviços continua a liderar a criação de MEIs em todas as regiões, incluindo Bauru. "Os serviços representam cerca de dois terços das novas formalizações. Isso já vem ocorrendo há muitos anos por conta da aumento na oferta de trabalho para serviços e a redução dessas oportunidades na indústria", explicou.

Ex-consultora do Sebrae e atual e secretária de Desenvolvimento Econômico de Lençóis Paulista, Aline Prado Fogolin reforça a necessidade de atenção. Segundo ela, a desaceleração na criação de MEIs pode indicar saturação do mercado ou adaptação a novas dinâmicas econômicas.

Fogolin citou o exemplo de Lençóis Paulista, onde o investimento de um grande grupo estrangeiro de celulose provocou profundas mudanças no perfil dos pequenos negócios.

"Empreendimentos se formaram, cresceram e mudaram sua área de atuação para acompanhar a nova dinâmica. O setor de serviços superou o comércio, e muitos MEIs migraram para outros regimes de prestação de serviços", relatou.

"Atualmente, em função da adaptação necessária ao regime de prestação de serviços bem como oportunidades expressivas de empregabilidade, o número apresenta-se em retração. O importante encadeamento produtivo existente, impulsiona o desenvolvimento do município, que apresenta destaque em várias áreas como PIB per capita, quantidade de funcionários, inovação tecnológica, entre outros aspectos", complementa.

Em Bauru, a desaceleração na criação de MEIs em 2024 também sugere a necessidade de políticas públicas que fortaleçam os pequenos negócios, avalia. "Esse segmento é base importante da cadeia produtiva e econômica de um município de grande porte. Tanto os empreendedores quanto a istração pública precisam se adaptar às novas condições, possivelmente investindo em inovação e diversificação", defendeu Fogolin.

De acordo com a Fundação Seade, a criação de MEIs no Estado de São Paulo no período de abril de 2024 a março de 2025 foi de 841.300, com destaque para o setor de serviços, responsável por 65,9% do total. Apesar do volume expressivo, os números seguem a tendência de desaceleração.

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