As cidades brasileiras vêm convivendo, há anos ou décadas, com o problema das valetas, que causam irritação e desconforto aos condutores. Se suplantadas sem o devido cuidado ou fazendo a transposição de forma diagonal, que não é recomendada pelos especialistas, elas podem imputar aos condutores problemas nos seus automóveis, tais como desalinhamento das rodas, danos na suspensão, amortecedores, cárter, para-choques etc. Podem suscitar, também, a ocorrência de acidentes de trânsito como é o caso das colisões traseiras ou perda da direção.
Em cruzamentos semaforizados as valetas provocam diminuição na taxa de fluxo de veículos após a abertura do tempo de verde, reduzindo a eficiência do cruzamento e requerendo-se, muitas vezes, ampliar o tempo do ciclo semafórico. Propiciam lentidão no tráfego e aumento no consumo de combustíveis.
As vias urbanas são destinadas a importante e necessária finalidade de drenagem superficial, apesar de se constituírem proeminentemente infraestrutura do tráfego de veículos e pessoas. As condições de drenagem precisam ser definidas também pela conveniência do tráfego. Estes fins, no entanto, são compatíveis entre si até certo ponto.
Essas deflexões, mais recorrentemente locadas em intersecções, têm utilidade somente em momentos de chuvas. As valetas são, em geral, construídas em regiões da cidade que não possuem drenagem urbana ou são ineficientes. Devido ao alto custo do sistema de microdrenagem utilizando galerias pluviais, as valetas se tornaram uma alternativa menos custosa para os municípios.
As valetas são mais visíveis e percebidas, em geral, quando em momentos de pós pavimentação ou recape, exigindo uma readequação geométrica com a finalidade de mitigar os seus efeitos colaterais negativos. A sinalização A-19 (depressão, como é designada pelo Denatran) é fundamental para que os condutores possam diminuir a velocidade e estar prontos para enfrentar uma alteração brusca no nível da via, evitando possíveis danos ao veículo e acidentes.
A redução da profundidade das valetas melhora significativamente as condições de fluidez do trânsito na cidade, possibilitando aos veículos trafegarem com maior tranquilidade e conforto, sem necessitar reduzir drasticamente a velocidade.
É necessário que as cidades tenham planos e projetos de drenagem, procurando adequar a geometria de vias e das valetas, obedecendo a critérios bem definidos e de forma econômica. As valetas são, na verdade, um mal necessário e sua utilização precisa ser tratada com técnica e bom senso.
O sistema de drenagem é parte de um conjunto de melhoramentos públicos existentes (água, esgoto, luz, iluminação, pavimentação, trânsito, transporte coletivo etc).
É de bom alvitre que o urbano seja planejado de maneira holística, ou seja, que todos os melhoramentos públicos sejam planejados coerentemente.
Isto é condição sine qua non para um trânsito seguro e confortável, buscando-se uma cidade mais amigável.